maio 18, 2021
tecnologiamágicaQuando falo de mágica, o que você pensa? Muitas pessoas lembram de aniversário de crianças, truques de festa ou mesmo Mister M revelando como os truques são feitos, mas o que muita gente não sabe é a preparação necessária para um simples ato de mágica. Muitas dessas técnicas de preparação e apresentação podem ser reutilizadas em outras áreas. Hoje, vou falar sobre cinco conceitos do mundo da mágica que uso no dia a dia trabalhando na área de TI.
Val Valentino, mas conhecido como Mister M.
Eu tenho um baralho de cartas em mãos.
Eu mostro o baralho de cartas e peço que você escolha uma carta.
Você escolhe a Rainha de ❤️.
Eu conto de 1 a 10 em voz alta.
Eu digo que você escolheu a Rainha de ❤️.
Você não se impressiona. E faz sentido. Não te mostrei a dificuldade em descobrir qual era a sua carta, não houve empolgação, não houve a construção do truque. É como se eu estivesse contando uma piada e pulando direto para o final. Não vai ser engraçado.
Mas imagine ...
Eu tenho um baralho de cartas em mãos.
Eu mostro o baralho de cartas e peço que você escolha uma carta.
Você escolhe a Rainha de ❤️.
Enfatizo que você escolheu esta carta por sua própria vontade, que eu não poderia ter forçado você a escolher exatamente essa carta, que agora está conectada a você.
Eu misturo o baralho de cartas. Faço uns movimentos bonitos com o baralho. Faço um pequeno show.
Te devolvo o baralho de cartas para segurar. Começo a fazer perguntas sobre a carta que você escolheu, adivinhando a cor, se era uma carta de número ou um rosto, e chego perto. hmmm talvez seja um Valete, Rainha ou Rei, mas não tenho certeza.
Não tenho certeza de qual é a sua carta, mas devo ter um palpite. Você tem segurado o baralho esse tempo todo, então digo pra você revelar a carta do topo do baralho e, lentamente, você vê que é a Rainha de ❤️.
Agora, você se impressiona.
Entender com quem você está falando é tão importante quanto o que você vai contar. Lembro-me da primeira vez que tentei mostrar um truque de cartas a um bebê. Sim, um bebê! Era uma carta que mudava de cor, mas o bebê não entendeu e isso faz muito sentido! Então, eu precisei mudar a mágica e a história muito rapidamente para se adequar às necessidades do bebê. (Acho que o bebê me zoou um pouco por tentar mostrar a ele o primeiro truque).
Um bebê, mas não o que zoou de mim.
Aqui estão alguns outros exemplos de compreensão/interação com seu público:
Você precisa entender quem é o seu público e como você pode se conectar com eles. Você está apresentando uma nova atualização para um gerente de projeto ou designer? Como eles podem entender e visualizar o que você está falando?
Inclua seu público na história. Pergunte o nome de uma pessoa na platéia, mais tarde em sua apresentação, você pode usar o nome dessa pessoa para chamar a atenção sobre o que você vai falar. "Agora, Jorge, imagine que você vai adicionar esse novo recurso a X, Y e Z". Nesse ponto, Jorge e as pessoas ao seu redor voltarão a atenção para você.
Adicione emoção à sua fala. Não fique apenas falando sobre as implementações que você fez esta semana. Mostre a eles que você está animado com esse novo bug que você resolveu e os benefícios dele. Realmente se preocupe com a sua apresentação e as pessoas também se preocuparão com você e suas idéias.
Simon Sinek tem um modelo simples e maravilhoso chamado círculo de ouro que você pode aplicar a qualquer apresentação, argumento de venda ou qualquer coisa que conte uma história.
Basicamente, ele se concentra em você mostrar o propósito do que você fez primeiro e, a partir disso, desvendar os comos e o porquês. Por exemplo, é a sua vez na reunião diária de time e você vai explicar o bug que solucionou ontem. Poderia ser assim:
Você pode tentar isso em seu próximo hackathon, workshop, reunião de time ou até mesmo em um 1:1 com seu gerente.
Existe um ditado no mundo da mágica: A primeira vez é mágica, a segunda vez é aprendizado. Se você mostrar um truque para uma pessoa pela segunda vez, a probabilidade de ela descobrir é muito alta. É por isso que não repetimos nossos truques para o mesmo público, e sempre temos um outro truque na manga.
Mágica é uma habilidade que depende de você mostrá-la a outra pessoa. As chances de dar errado são muito altas, então por que não falhar o mais rápido possível? Não dê chance ao azar.
Quanto mais você apresenta, prepara e treina, melhor se torna seu show. Não podemos ter medo de errar. Esse mesmo pensamento se aplica ao trabalho em TI.
Você não quer errar, mas sabe que um dia isso vai acontecer porque essa é normal falharmos. O importante é o que você faz depois que a falha acontece: Documente o que aconteceu e o porquê! Você precisa atualizar seus processos? Como você pode resolver isso? Como você pode resolver isso a longo prazo?
Se um truque dá errado, na maioria das vezes eu digo: Bem, mas imagine se funcionasse, seria demais né? Na maioria das vezes funciona porque eu sempre tenho meu truque de backup preparado para mostrar, e as pessoas logo esquecem desse último erro.
Alguns truques de mágica são manipulados, você não tem escolha, mas o que torna o truque bonito é que você acredita que tem. Chamamos essa técnica de escolha do mágico(magician's choice). Existem várias maneiras de fazer isso: forçar cartas, usar objetos modificados, tirar vantagem de impulsos humanos e outros.
O que é crítico para a escolha do mágico é estar em um ambiente controlado. Você sabe o que vai acontecer porque você preparou tudo de antemão. Da mesma forma quando você está mostrando um programa em desenvolvimento, você sabe o que está funcionando e o que não está.
Se vou mostrar uma nova página para um cliente/usuário, não mostrarei uma página não testada que está atualmente em desenvolvimento. Realmente se trata de saber o que você quer mostrar e impactá-los com isso.
Se estou mostrando um truque de mágica, quero que as pessoas tenham a melhor experiência naquele momento. Nós, seres humanos, somos fascinados por shows visuais, artefatos táteis e tudo que nos traz pelo menos um pouco de emoção. Em um truque de cartas, mesmo com um simples, você pode adicionar um embaralhamento falso, leques de cartas, mudanças de cores e outros efeitos visuais.
Mulher soprando faíscas no ar. Foto de Almos Bechtold em Unsplash.
Apresentar algo em sua melhor forma mostra que você se preocupou como aquilo seria entregue e faz com que você pense na experiência que estará proporcionando a outras pessoas. Não se trata apenas de recursos visuais, mas também de conteúdo. Conteúdo estruturado e mais fácil de acompanhar, do ponto de vista do seu público, é algo realmente difícil de se conseguir, mas quando bem feito pode render ótimos resultados.
Você pode transpor esse pensamento ao trabalhar em seu produto digital. Talvez seja mais fácil entender como fazer algo bonito se encaixa no desenvolvimento de front-end, mas vai além do que o usuário pode ver em uma tela: padrões de design no código, modelos de infraestrutura, pull requests organizadas e até apresentações que você dá para sua equipe .
Não sou designer, mas para aqueles que estão no desenvolvimento front-end, talvez você deva dar uma olhada em algumas inspirações antes de enviar sua próxima ideia. Aqui estão alguns links que podem ser úteis: inspirações diárias de interface do usuário, recursos de design para desenvolvedores .
Quando comecei a fazer mágica no colégio, não sabia o que estava fazendo e por que estava fazendo, mas uma coisa que aprendi na hora foi que não podia me dar ao luxo de ser tímido nas apresentações.
Mesmo que você não seja uma pessoa que se apresenta em público de forma confiante, comece a finjir que é e, quando menos esperar, estrá atuando como tal. Com a prática, você começa a encontrar sua persona de palestrante, as piadas que funcionam e o que as pessoas mais gostam em seus shows. Você pode começar a aprender isso em cada apresentação que fizer no seu trabalho, lançando um novo negócio ou em uma conversa informal.
Uma das coisas sobre mágica é que ela depende de muitas coisas que você não pode controlar. Talvez você tenha cometido um erro técnico, talvez as estrelas não tenham se alinhado naquele dia e você tenha esquecido de trazer o baralho para a festa, talvez alguém na platéia já tenha visto esse truque e vai revelá-lo em voz alta, sem se preocupar com os demais.
É difícil estar preparado para cada erro que pode acontecer, principalmente porque a maioria deles ainda não experimentamos. A única certeza que temos é que algum dia um truque dará errado, mas o que importa é o que faremos a seguir. Você deve ter um plano B. Eu literalmente tenho um truque de backup na minha carteira, que posso usar em qualquer situação.
É difícil ter um truque de backup quando falamos de desenvolvimento, mas passei por algumas experiências que poderiam ter sido evitadas. Um exemplo que aconteceu comigo foi quando eu estava dando um pitch e meu computador travou. Era um pitch cronometrado, então tive que continuar sem os slides. Felizmente, meus amigos conseguiram consertar antes do final, mas se tivéssemos outro computador com os slides carregados, teria sido mais fácil. Este plano de backup também pode ser utilizado quando não carregamos uma nova versão do código para o servidor de controle de versão.
Há alguns anos, não sabia aceitar elogios. Eu apenas balançava a cabeça e sorria. Era uma sensação estranha ter alguém reconhecendo seu esforço no truque que você passou horas treinando. Estava tão focado em melhorar os meus próprios erros que esqueci de aproveitar os grandes e pequenos momentos do que alguns diriam sucesso.
O que devemos fazer capitão? Apenas sorriam e acenem meninos. Foto de Brian McMahon em Unsplash .
Descobri que é importante ter uma rotina de gratidão pessoal e expressá-la quando sentir que tem a chance. Talvez seja apenas uma reflexão de 5 minutos sobre o seu dia, ou seja um tipo ativo de gratidão. Apreciar o truque que você executou com as pessoas na platéia parece um grande presente que vocês dois acabaram de testemunhar e compartilhar em uma pequena fração de tempo, mas que ficará em suas mentes por muito tempo.
Quando alguém em sua equipe aprende algo novo, ou compartilha conhecimento entre seus pares, e talvez o mais importante de tudo quando há um lançamento de sucesso: expresse o que está sentido e gratidão a todos que ajudaram a realizá-lo. Esses pequenos momentos ajudam a construir um sentimento de pertencimento à equipe.
Para mim, a mágica é uma habilidade muito pessoal. É meu hobby preferido. É o meu quebra-gelo nas conversas, tanto pessoais quanto profissionais. É uma lembrança de um eu mais jovem na escola. Às vezes, você só consegue conectar os pontos e ver algo se encaixar depois de colocar algum esforço. Ler um novo artigo toda semana pode ser isso. Esta é a ideia principal do Serenpit: ler coisas que você nunca pensou em conectar e criar novas ideias.
Thiago Augusto
Mágico, Músico e Maker